terça-feira, 22 de setembro de 2009

Música no Período Barroco

Antonio Vivaldi

No período que vai de 1660 a 1750, predomina uma música vocal instrumental voltada para o texto a ser cantado. É a época das primeiras óperas, das grandes cantatas e oratórios e da fuga, definindo o início da música tonal. A polifonia, com as vozes melódicas independentes do coro, cede lugar à homofonia. As melodias são simples, acompanhadas, facilitando a compreensão do texto. A música instrumental tem lugar privilegiado. Além de pontuar as óperas com passagens instrumentais, desenvolve-se como linguagem independente, favorecendo o virtuosismo técnico. A matriz composicional deixa de ser o conjunto vocal de diversas vozes, dando lugar aos instrumentos de teclado: órgão, cravo, espineta (O cravo bem temperado, Prelúdios e fugas para órgão, de J.S. Bach; as Sonatas de D. Scarlatti).

MÚSICA TONAL
Na música tonal, os modos medievais e suas variantes são substituídos pelos dois modos tonais: o modo maior e o modo menor.
As alturas – as notas – são organizadas em um desses dois modos, a partir de uma das 12 alturas cromáticas (as sete notas mais suas alterações, sustenido ou bemol), as quais dão nome à tonalidade: dó menor, dó maior, ré maior etc. O jogo principal é a resolução das tensões harmônicas sobre o acorde principal da tonalidade.
O grau de tensão é aumentado de acordo com as dissonâncias, ou a partir do recurso de modulação a passagem de um modo a outro.

PRIMEIRAS ÓPERAS
A primeira ópera de que se tem conhecimento é Dafne, de Jocopo Peri (1561-1633), apresentada em Florença, em 1597, seguida de A representação da alma e do corpo, de Cavalieri, em 1602. Essas primeiras óperas têm dificuldade em concatenar música e cena e os textos são pouco claros. Em Orfeu, de Monteverdi, de 1607, esses problemas estão superados. A orquestra de Orfeu é renascentista, com instrumentos de base (contínuos), formando um conjunto de sopros e cordas. Monteverdi cria uma variedade de coloridos sonoros ligados às diversas situações expressivas da ópera, como os metais sempre associados ao inferno. Abre espaço para solos vocais recitativos, onde o cantor fica mais livre para declamar e atuar.
Fora da Itália, a ópera se desenvolve tardiamente. Na Inglaterra, com Henry Purcell (1659-1695), e na França, com Jean Baptiste Lully (1632-1687), um italiano naturalizado francês, que retoma a tradição dos Balés de Corte, enquadrando seu trabalho dentro do grande movimento cultural francês da época, em que despontam Molière, Racine, La Fontaine, entre outros.
Claudio Monteverdi (1567-1643) nasce em Cremona e torna-se aluno de Marc-Antoine Ingegneri, mestre da capela de Cremona. Passa 12 anos de sua vida servindo ao duque de Mântua, para quem produz diversas óperas (Orfeu, O combatimento de Tancredo e Clorinda) e diversos livros de madrigais. Em 1613, é nomeado mestre-capela de São Marcos, em Veneza. Cria o concitato, um estilo musical agitado que busca exprimir os tremores profundos da alma.
Oratório, cantata e fuga – O oratório e a cantata são formas vocais dramáticas não encenadas. Junto com o ricercari, as suítes de danças, as tocatas para instrumentos solistas, o concerto grosso onde um dos instrumentos é destacado e a sonata, levam adiante a música tonal. A partir do antigo ricercari desenvolve-se a fuga, forma musical baseada no princípio de imitação: uma voz melódica acompanha a outra com uma certa defasagem, caminhando as duas simultaneamente, num jogo polifônico. O mestre dessa forma musical é Johann Sebastian Bach
Johann Sebastian Bach (1685-1750) nasce em Eisenach, na Alemanha. Órfão, é educado por um tio. Começa como cantor na igreja de São Miguel em Lüneburg, passando a violonista na corte de Weimar. Em São Bonifácio de Arnstadt, consegue seu primeiro cargo como organista. Dedica grande parte de sua obra a ofícios religiosos (oratórios, cantatas, corais) e formações instrumentais (Oferenda musical, A arte da fuga, Concertos brandenburgueses, Concerto duplo para oboé e cravo), tendo desenvolvido uma escrita particular para instrumentos solistas (Partitas para violino solo, Suítes para violoncelo solo) e para teclados (Prelúdios e fugas para órgão, Livro de Ana Magdalena Bach). É um dos pioneiros no uso do temperamento – afinação dos instrumentos de teclado que permite tocar em mais de uma tonalidade sem a necessidade de reafinar o instrumento – como nos seus prelúdios e fugas do Cravo bem temperado.
Concerto grosso – Junto com a sonata, é uma das formas instrumentais mais importantes da música barroca. Se baseia no contraste entre duas massas sonoras diferentes. Um pequeno grupo chamado de concertino, é sempre repetido por um grupo de maior dimensão: o tutti (do italiano todos). O concertino consiste de um trio de cordas e alguns sopros. Um instrumento, o continuo, garante a fusão harmônica das linhas melódicas dos dois grupos. Essa forma musical teve dois grandes mestres: Arcangello Corelli e Antonio Vivaldi.
Antonio Vivaldi (1678-1741) nasce em Veneza, Itália. Filho de violinista, estuda música e teologia ainda jovem. Ordena-se padre pela Igreja católica e é chamado de o "padre vermelho", dada a coloração ruiva de seus cabelos. Sua música instrumental é um dos pontos altos da escritura musical italiana da primeira metade do século XVIII. É inovador no uso de escalas rápidas, arpejos extensos e registros contrastantes em suas peças. Desenvolve principalmente a escrita para cordas, em especial o violino. Muitos de seus inúmeros concertos para instrumentos solistas e orquestra, concertos grossi, sonatas, óperas e peças corais são ainda hoje desconhecidos. Sua obra esperou até a metade do século XX para ser reconhecida. De suas peças a mais popular é o ciclo As quatro estações.



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