sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Modernismo


 Charles Ives

EUROPA
Dodecafonismo – As primeiras experiências dodecafônicas realizadas por Arnold Shoemberg, na década de 20, são suas Cinco peças para piano, op. 23, e Suíte para piano, op. 25. Nessas peças Shoemberg elabora um sistema de composição em que dispõe, segundo suas necessidades composicionais, as 12 notas em uma determinada ordem (a série dodecafônica), que deve ser respeitada ao longo da peça. Isso garante a unidade dos elementos utilizados dentro da composição atonal.
 

Serialismo – A prática dodecafônica, assumida por dois de seus alunos, Anton von Webern (1883-1945) e Alban Berg (1885-1935), assume diversas faces. O romantismo atonal de Berg em suas óperas Wozzek e Lulu, e o pontilhismo de Webern – inexistência de melodia, com sons pontilhados no silêncio – são considerados marcos na música do século XX. No pontilhismo, Webern isola cada uma das notas da série dodecafônica, evitando assim qualquer relação harmônica entre elas. Outra importante contribuição de Webern, que também tem a influência forte de Schoemberg, é a expansão da idéia de melodia de timbres: uma melodia pode ser criada não apenas mudando-se as notas, mas também mudando-se os timbres. Nesse sentido ele reinstrumenta uma obra de Johann Sebastian Bach (o cânon a seis vozes da Oferenda musical), na qual a melodia de Bach alcança os mais diversos instrumentos da orquestra. A textura pontilhista e a melodia de timbres tornam-se um fascínio entre os compositores mais jovens, que então expandem a idéia de série para os ritmos, para os timbres, para as intensidades, desenvolvendo o serialismo integral.
Arnold Schoemberg (1874-1951) nasce em Viena, onde passa grande parte da sua vida até instalar-se em Berlim. Autodidata, acumula grande erudição musical. É convocado para o serviço militar durante a 1a Guerra e reduz sua atividade como compositor. A escada de Jacob, iniciada em 1917, só é finalizada em 1922. Nessa fase elabora o método de composição dodecafônica. Em 1933, muda-se para Boston e, em seguida, para Los Angeles, nos Estados Unidos, fugindo das perseguições do nazismo. Além de grande compositor, destaca-se como professor e como teórico.
 

Neoclassicismo – Em sentido oposto à trajetória progressista de Shoemberg, o compositor Igor Stravinski busca os ritmos marcados e repetitivos das músicas rituais populares. Suas primeiras obras de impacto são os balés O pássaro de fogo, de 1910, Petrouchka, de 1911, e A sagração da primavera, de 1913. Assim como as obras de Debussy, têm forte influência sobre as escolas nacionais que perduram nessa época. De caráter marcante, Stravinski e sua música traçam os rumos da música atonal não-dodecafônica, fundando, em 1918, o neoclassicismo na música. Utiliza melodias extraídas do passado medieval e renascentista, de cantos populares e do jazz americano, que se misturam a um atonalismo repleto de dissonâncias. São dessa época A história de um soldado (1918) e As bodas (1923). Seguem esse caminho, entre outros, Paul Hindmith (1895-1963) e diversos compositores franceses.
Igor Stravinski (1882-1971) nasce em Oranienbaum, perto de São Petersburgo, na Rússia. Embora seu pai fosse músico, foi educado para seguir a advocacia, mantendo paralelamente seus estudos musicais. Aos 20 anos, passa a ter aulas com Rimski-Korsakov. O sucesso vem cedo na vida de Stravinski. Em 1910, Sergei Diaguilev, empresário do Balé Russo, encomenda o primeiro de uma série de balés, Pássaro de fogo. De 1920 a 1939, vive na França. Durante a 2a Guerra muda-se para os Estados Unidos e se torna cidadão americano em 1945. Entre seus discípulos americanos, destaca-se o compositor e regente Robert Craft.
 

AMÉRICA
Mesmo distante do centro das revoluções musicais do século, desenvolve-se na América uma nova música que tem como referência a obra inovadora de Claude Debussy. Os principais representantes desse movimento são os compositores norte-americano Charles Edward Ives (1874-1955) e brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887-1959), que servem de modelos composicionais no continente, até o pós-guerra. Ambos encontram na harmonia atonal livre novas formas musicais para exprimir suas idéias.
 

Estados Unidos – De modo bastante radical e pioneiro, Charles Ives faz uso de intervalos microtonais menores do que o meio-tom entre as notas de uma escala cromática e também dos clusters, cachos de notas que tendem ao ruído, tocados com as palmas das mãos, ou mesmo com o antebraço, sobre as teclas do piano. Sua obra exerce influência direta sobre Henry Cowell, definindo uma nova vertente para a música norte-americana.
 

Brasil – Villa-Lobos utiliza combinações instrumentais inusitadas, como em seu Choro no 7, onde o clarinete deve ser tocado como se fosse um trompete, sem a boquilha, ou ainda em sua Suíte Sugestina, de 1929, onde três metrônomos – instrumento mecânico utilizado para marcar o andamento musical – são usados como instrumentos de percussão. Bastante admirado por compositores europeus, especialmente pelos franceses Darius Milhaud (1892-1974), Olivier Messiaen (1908-1992) e Edgard Varese (1885-1965), permanece como um dos marcos da música brasileira. 

 












domingo, 22 de novembro de 2009

Dia Da Música

Dia da Música - 22 de Novembro

A palavra "música" é de origem grega
e significa "referente às musas".
De acordo com a mitologia grega,
as musas eram nove deusas 
que inspiravam as pessoas
na arte de fazer poesia e música.

Segundo o Dicionário Novo Aurélio, música é "arte e ciência de combinar os sons de modo agradável ao ouvido". Já o Dicionário Houaiss define-a como "combinação harmoniosa e expressiva de sons [...]; arte de se exprimir por meio de sons, seguindo regras variáveis conforme a época, a civilização etc.".

Na Pré-História, o ser humano descobriu os sons do ambiente que o cercava: o rumor do mar, dos rios e das cascatas, o ruído do trovão, o canto dos pássaros, as vozes dos animais, o barulho do vento contra as folhas, o zumbido dos insetos, o som dos passos de outros seres humanos e, sobretudo, o maior instrumento musical humano: a voz. A música pré-histórica, contudo, não é considerada como arte, visto ser um veículo expressivo de comunicação, sempre ligada às palavras, aos ritos e à dança.

Com o decorrer do tempo, o ser humano inventou instrumentos musicais para expressar seus sentimentos. Desse modo, surgiram os instrumentos de cordas, de percussão e de sopro. Hoje, os computadores auxiliam cientistas e artistas nas várias atividades musicais, desde a elaboração de uma simples partitura até a produção de sons inimagináveis outrora.

A música, por seu turno, recebeu vários nomes: absoluta (ou pura), aleatória, atonal (ou dodecafônica), clássica, concreta, country, cromofônica, de câmara, de cena (ou incidental), de janízaros (ou turca), eletroacústica, de programa, descritiva, de estante (ou de facistol), folclórica, eletrônica, espacial, experimental de vanguarda, gospel, klesmer, instrumental, magnetofônica, minimalista, modal, pop, popular, programáticas, sacra, serial, sertaneja. Essa arte dos sons organizados está, portanto, em constante expansão. No futuro talvez o ser humano possa ouvir a música das esferas, tão decantada pelos pitagóricos.


PARABÉNS A TODOS QUE FAZEM DESTA ARTE UM MODO DE VIDA!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Impressionismo


Heitor Villa-Lobos

Esse movimento surge na França, em meados do século XIX, como um novo modo de percepção do mundo, que se reflete principalmente na música e nas artes plásticas. A arte do extremo oriente fonte de inspiração dos impressionistas se revela na valorização da sonoridade dos instrumentos musicais e dos jogos harmônicos. O principal representante desse movimento é Claude Debussy (1862-1918), que se afasta das temáticas épicas do romantismo. Retoma, em seu quarteto de cordas, elementos modais da música européia do passado, escalas de origem oriental e uma sucessão de acordes que recombinam as notas como modo de modificar o colorido harmônico. Exerce influência sobre Maurice Ravel (1875-1937), Erik Satie (1866-1925) e diversos compositores de movimentos nacionais, como o brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887-1959), o húngaro Bela Bartok (1881-1945) e o russo Ígor Stravinski (1882-1973).
Claude-Achille Debussy (1862-1918) nasce em Saint Germain-en-Laye, perto de Paris. Aos 11 anos ingressa no conservatório de Paris, onde surpreende seus professores com harmonias inusitadas. Recebe, aos 22 anos, o cobiçado Prêmio de Roma (tal como Berlioz). Entre 1890 e 1900, compõe a ópera Pelléas e Mélisande, tornando-se reconhecido por toda a Europa, a Suíte bergamasque para piano, o Quarteto de cordas de 1893, La mer (O mar) e Imagens para orquestra e os dois volumes de Prelúdios para piano. No final de sua vida segue um novo caminho, afastando-se do impressionismo, como se vê em Jeux. Morre em 1918, durante um bombardeio sobre Paris, oito meses antes da vitória francesa.








quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Romantismo

Beethoven

Sobre bases tonais sólidas, o período romântico é o derradeiro momento da música tonal. As formas livres, lieds, prelúdios, rapsódias, o sinfonismo, o virtuosismo instrumental e os movimentos nacionais incorporam elementos alheios à tonalidade estrita do classicismo e esta lentamente se desfaz.

Ludwig van Beethoven (1770-1827) nasce em Bonn, Alemanha, e estuda música por exigência de seu pai. É mandado para Viena, em 1792, para completar sua formação, onde permanece por toda a vida. Tem aulas com Haydn e pratica composição dramática com Antônio Salieri. Apesar do temperamento irascível e compositor de uma música considerada difícil para a sua época, é bastante prestigiado em Viena. Em 1798, percebe os primeiros traços de surdez, isola-se e fica mais agressivo. São repertório obrigatório as suas nove sinfonias, quartetos de cordas, 32 sonatas para piano, variações para piano, entre muitas outras composições.

Lied – Curtas canções para piano e voz e facilidade melódica (o novo lirismo), para melhor exprimir os sentimentos mais íntimos, compõem as características principais dos lieds (canção, em alemão). Esta forma é desenvolvida por Franz Schubert (1797-1828), Robert Schumann (1810-1856) e mais tarde por Johannes Brahms (1833-1897). Inicialmente os textos são retirados da poesia romântica alemã de Goethe (1749-1832) e Heine (1799-1856). Também são características da época das formas livres como os prelúdios, rapsódias, noturnos, estudos, improvisos etc., presentes na obra de Frederic Chopin (1810-1849) e Franz Liszt. Essas peças são geralmente para piano solo e realçam o virtuosismo instrumental, dividindo a importância do concerto entre a obra e a presença do intérprete. Tal tradição já vinha do classicismo, em que diversos compositores eram instrumentalistas virtuoses, como é Niccoló Paganini (1782-1840).
Sinfonismo – Compreende obras para grandes orquestras e privilegia o virtuosismo. Destaca-se a obra de Johannes Brahms, com suas quatro sinfonias, dos franceses César Franc (1822-1890) e Hector Berlioz (1803-1869), que revoluciona a concepção da orquestra clássica ao acrescentar mais instrumentos em sua Sinfonia fantástica, op.14, de 1830, reformulando os modos de instrumentação vigentes em sua época.

Escolas nacionais – A música do final do século XIX, embora imbuída do individualismo, reflete as preocupações coletivas relacionadas aos movimentos de unificação que marcam a Europa no período. As composições unem o pensamento nacional às melodias populares. Representam as escolas nacionais os compositores tchecos Smetana (1824-1884) e Antonin Dvorak (1841-1904), o escandinavo Grieg (1843-1907) e os russos A. Borodin (1834-1887), Modest Mussorgski (1839-1881) e Rimski-Korsakov (1844-1908). Sua música é marcada pelo modalismo e pelo colorido das melodias populares.

Extremos da tonalidade – A consolidação do romantismo liga-se ao poema sinfônico de Liszt e à ópera de Wagner. Com a obra desses dois compositores ocorre a revolução harmônica. A música deixa de repousar sobre uma só escala, em modulações tradicionais, e torna-se livre. A cada momento o ouvinte está dentro de uma nova escala. A tensão harmônica é tamanha que a velha harmonia entra em colapso. Tudo para atingir o máximo de expressividade. Nesse movimento, Liszt retoma elementos da música modal, trazidos das melodias populares e do modo de cantar dos povos da Hungria.

Franz Liszt (1811-1886) nasce na Hungria e estuda música em Paris. Aos 12 anos, exibe pela Europa sua extrema agilidade ao piano. Vive amores conturbados, sem jamais se casar. É pai de um filho e duas filhas (a última, Cosima, se casa com Wagner). Recolhe-se à Ordem Terceira de São Francisco, em Roma, torna-se abade, recusando o sucesso e a glória. Nesse período, compõe obras que antecipam o atonalismo expressionista alemão. Entre suas obras destacam-se Rapsódias húngaras, Sinfonia Fausto, Funerais (harmonias poéticas e religiosas) e Bagatela sem tonalidade.

Richard Wagner (1813-1883) nasce em Leipzig, Alemanha, e cresce num meio familiar formado por atores. Escreve, ainda na infância, tragédias em estilo grego e shakespeariano. Aos 15 anos dedica-se a estudar música. Sua primeira ópera de grande porte é Rienzi, sob influência da ópera francesa. O sucesso vem com O navio fantasma. Depois virão: Lohengrin, O anel dos nibelungos, Mestres-cantores. Participa de movimentos sociais em 1848 e 1849. Em Tristão e Isolda, de 1865, reivindica o retorno do drama ao seu caráter religioso (ritual) primitivo.

Verismo – A utilização de temática cotidiana, na qual os personagens não são heróis mitológicos, mas pessoas comuns, constitui o verismo termo originado da palavra vero (verdade em italiano), que corresponde na ópera à literatura naturalista do francês Émile Zola. Pode ser notado nas óperas dos italianos Giuseppi Verdi (1813-1901) e Giacomo Puccini (1858-1924) e do francês Georges Bizet (1838-1875). São óperas representativas desse período La traviata, de Verdi, La bohème, de Puccini, e Cármen, de Bizet.

Romantismo tardio – Após a virada do século, as idéias de Wagner perduram em obras de compositores-regentes, voltados principalmente para a escrita orquestral, como Richard Strauss (1864-1949) e Gustav Mahler (1860-1911). Esses compositores introduzem as grandes massas orquestrais , corais chegando a mais de mil pessoas (Sinfonias no 8, de Mahler), e sinfonias de longa duração, compreendendo por volta de uma centena de temas (Sinfonias alpinas, de Strauss). Inovam ainda com o uso de recursos instrumentais que enfatizam o caráter programático da música (os instrumentos de metal imitando carneiros no Don Quixote de Strauss; o som dos sinos das igrejas na primeira Sinfonia de Mahler).




sábado, 3 de outubro de 2009

Classicismo

Mozart

O passo definitivo para a música tonal é dado com a sonata clássica. Nela os momentos de tensão e relaxamento tornam-se a base da construção formal de obras para instrumento solo e posteriormente para quartetos de cordas, trios e sinfonias. Haydn e Mozart fazem da sonata a forma musical mais importante do final do século XVIII e início do século XIX. Esse projeto é levado às últimas conseqüências por Beethoven. Suas sonatas deixam de ser jogos de divertimento ou variações sobre as melodias principais e se tornam uma profunda rede de interrelações entre ritmos, melodias e timbres. Junto com Franz Schubert (1797-1828), Beethoven abre as portas para o romantismo.

Sonata – O termo sonata tem sentidos diferenciados. No século XVII, designa uma peça polifônica, instrumental, que se opõe à sinfonia, que é mais homofônica; posteriormente, tem-se a sonata de igreja, em estilo de fuga, e a sonata de câmara, composta de uma suíte (seqüência) de danças. Com Boccherini e Carl Phillipp Emmanuel Bach, filho de Johann Sebastian, a sonata toma a forma que perdura até o século XIX: uma estrutura em três movimentos, com dois temas principais, que são desenvolvidos por meio de variações rítmico-melódicas e da modulação.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) nasce em Salzburg, na Áustria, filho de Leopold Mozart, compositor e professor de música. A partir dos 6 anos, é levado a diversos países, onde demonstra seu talento ao piano. Aos 10 anos compõe seus primeiros oratórios e sua primeira ópera cômica. Em 1781 se estabelece em Viena. Após uma temporada em Praga, volta para Viena e compõe a ópera A flauta mágica, no ano de sua morte. Deixa mais de 600 obras entre as quais 20 óperas; 15 missas (incluindo o famoso Réquiem); 100 canções, árias e corais; 50 concertos para instrumento solista e orquestra; 17 sonatas para pianos; 42 sonatas para violino e piano e 26 quartetos de cordas.